Nem toda agência é sacana, nem todo cliente é também

Alexandre Reibaldi, Marina, Amanda

Já passou da hora de falar sobre a empatia pelo trabalho do outro. Em um mundo frenético de sucessos inacabáveis da fantasiosa happycracia na timeline do Linkedin, ainda existe vida. Não importa qual o acontecimento no mundo, alguém aqui, no LinkedIn, sempre vai postar uma reflexão da situação com uma falsa mensagem de positividade que não necessariamente condiz com a realidade, apenas para autopromoção.

Por fim, é só esperar a bela chuva de likes e comentários de pessoas que também querem usar essa falsa imagem. E isso não é bem a ponta do iceberg, ou melhor, a ponta do monstro marinho que só pensa em dresscode, happy hour e ambiente descontraído (precisamos normalizar que isso não é benefício).

Recentemente, fui impactado por um texto que falava sobre a empatia e simpatia como características para uma nova liderança e senti vontade de dissertar sobre esse tema focando na relação de agência x cliente, ainda mais nessa rede social. Na minha experiência, toda vez que consigo entender as dores do meu cliente, seja pessoa ou empresa, me comovo e me convenço de que precisamos ajudar, e isso muda a maneira como minha equipe trabalha naquele job.

Por isso, a simpatia e empatia profissional, também conhecidas como principais soft skills, são habilidades comportamentais necessárias nessa relação. Apesar de coisas em comum, como sendo dois dos pilares da inteligência emocional, há uma grande diferença e precisamos entendê-la para garantir um bom relacionamento. Vejam só: a simpatia é um sentimento de afinidade, ou seja, você pode atrair e se identificar com o seu cliente (ou vice-versa), já a empatia é quando as pessoas envolvidas no job entendem quais as motivações de seus colegas e como elas podem interferir na cultura do projeto. 

Lidar com seres humanos é uma tarefa difícil e que, dependendo, podemos desencadear um burnout em, pelo menos, uma pessoa envolvida. O cliente precisa do nosso trabalho e nós precisamos que eles precisem – e essa relação pode ser saudável ou não. Infelizmente já vivemos este quadro aqui na agência e é de doer o coração saber que eu e tanta gente tomamos ansiolíticos para suportar a pressão de um mundo imediatista.

“O ruim vende no curto prazo, o bom sempre vence no final”, Gary Vaynerchuk.

As habilidades comportamentais mostram como um profissional se relaciona com o outro e como ele lida com seus próprios sentimentos. Tá, mas por que elas são importantes? É simples! Quando o cliente nos procura, é porque ele quer resolver uma dor do seu negócio. Para isso, precisamos ter empatia e compreender o que está sendo passado, que, muitas vezes, vai além das palavras ditas em call, identificando desejos e necessidades e, com isso, conseguimos achar a solução ideal de forma criativa e (quem sabe) inovadora. Nesse sentido, os dois lados (agência e cliente) devem procurar profissionais que também sejam qualificados com as características que falei aqui.

Nas entrevistas que faço na CTRL+D, sempre identifico e priorizo candidatos que possuem uma comunicação clara, pensamento crítico e ética, além de, claro, a criatividade. Afinal, essas características estão atreladas a empatia.

Modéstia à parte (ou não), quando alguém abre o link da call meio emburrado e se depara com minhas piadas de tiozão do pavê®, logo vejo uma risadinha saindo e o clima fica mais descontraído, sem tanta pressão. A vida é melhor rindo, nem que seja da minha cara e quase sempre acerto a hora de brincar, quase. Nunca deixo de lado a preocupação com a saúde mental de todo mundo da agência e do outro lado também. 

Me esforço para deixar o ambiente leve, afinal é só trabalho, o importante trabalho, mas não precisa ser um fardo. Trabalhar pode ser bom, gostoso e se você não acha isso e não pode trocar, tente mudar a sua relação com ele.

Gosto de relações muito mais profundas do que vemos por aí. Por que isso? Porque não foco apenas no resultado. Costumo chamar meus clientes de fregueses, gosto da ideia de uma relação longa, de mútuo conhecimento e pessoal. Conheço os pets e as famílias de muitos clientes. Foco no ciclo todo: bem-estar dos meus clientes e colaboradores, o problema que precisamos resolver, a execução do projeto e assim por diante. Tudo isso vai de encontro com resultados expressivos e a satisfação de ambas as partes. 

Nós, que trabalhamos no ramo de publicidade e propaganda, somos muito mais do que empurrar o mouse e digitar. Para a campanha sair como o planejado (e até melhor!), devemos estabelecer uma boa comunicação. No dia em que todos entenderem a importância disso, o mundo ficará muito mais leve e as pessoas não terão mais tantos problemas com as outras e com o burnout.

Respeitar o trabalho dos clientes e dos colaboradores, com certeza, faz toda a diferença.

Podemos criar laços muito mais leves e duradouros.