Você me conhece! 

Alexandre Reibaldi

Eu não sei vocês, talvez quem não seja da área nem repare tanto, mas as propagandas em geral têm me dado uma sensação de déjà-vu terrível. Tudo que vejo em giro me parece igual, seja no layout, sejam nos modelos, seja no discurso, seja na estrutura. Eu me sinto em um eterno dia da marmota.

Esses dois modelos que estão no post são um exemplo disso. Vocês já devem ter visto algum deles em outro lugar, de caixa de cereal até outdoors. A foto da menina é uma clássica do shutter, sua imagem é um best-seller em vários sites de imagens há anos; já o rapaz tem surgido como um grande potencial para o jovem moderno, um rosto perfeito para a sua campanha.

É engraçado, inclusive, como ambos podem tomar forma de qualquer produto ou pátria: a menina é canadense e o rapaz polonês (mas, vamos concordar, não parecem ser).

Sinceramente, não sei se este fenômeno acontece pela super distribuição de suas imagens royalty free em diversas plataformas de compra de imagem, ou por se enquadrarem em um imaginário coletivo. Peço desculpa a ambos os modelos, mas ahhhh, que mundo boring*! Você pode ter sua imagem, mas não sua exclusividade. Isso é maluco, já que muitas vezes a mesmíssima foto é usada para segmentos muito próximos. Outra possível causa para este efeito é a pressão por velocidade que existe no ambiente de criação: com menos tempo para experimentar, jogar no óbvio é o que, depois de algumas idas e vindas, acaba garantindo o horário da saída.

Os sites, sejam por usabilidade (implementação de padrões como bootstrap e materialize) ou por templatização dos códigos, cada vez mais são parecidos. Sei que a afirmação que vem a seguir é polêmica, mas eu sinto falta do Flash. No começo dos anos 2000, a impressão que eu tinha é que tudo era um pouco mais experimental na web: ninguém sabia para onde ia, então cada um seguia sua estrada, ainda que, na maioria das vezes, errada.

Mas o que fazer para ser diferente? Para não ser igual (dã!) e passar despercebido? Para não passar despercebido, fazendo mais do mesmo e sendo sempre igual (dã)? Infelizmente, muitas vezes isso inclui custos e prazos, é difícil propor algo novo quando estamos habituados a gostar das mesmas coisas. Tentar sair da zona de conforto, do provável é perigoso e custoso. 

Costumo dizer que a primeira versão dos layouts tem que ser como acreditamos que vai ser melhor para o nosso cliente. Evidentemente, o cliente conhece muito mais do próprio negócio que a agência, mas temos que propor um olhar diferente, afinal, somos especialistas em comunicação. Ainda como professor, vejo alguns projetos experimentais que não são nada experimentais: até mesmo alunos, buscando pelo 10, não se arriscam a fazer algo que pode prejudicar sua nota fugindo dos padrões.

Termino fazendo uma pergunta:

O quanto você está disposto a se arriscar para se diferenciar?

*We creatives gostamos de falar em english.”