Nowstalgia: Será que dá para voltar no passado estando no presente?

Alexandre Reibaldi, Bia

Estava conversando com o pessoal da redação e do atendimento para entender sobre mais um termo diferente, que fala sobre algo já existente: Nowstalgia. Papo vai, papo vem e entre uma série de divagações de botequim, filosofamos sobre como o agora parece estar ainda mais efêmero, como a sensação de que 10 segundos já é um tempo interminável e que se ficarmos 1 semana sem olhar o TikTok ficamos defasados.

Nowstalgia é basicamente a “saudade do que a gente não viveu ainda” (ADULTO, Neymar. 2019)

É voltar no passado sem literalmente voltar no passado, saudade do agora, do “velho” novo. Afinal, quem não se sente perdido quando fica sem celular por duas horas que seja? 

Vamos falar de um exemplo: Olivia Rodrigo. Aquela menina que bombou nas telas da nova série de High School Musical e fez sucesso com as letras das suas novas músicas. Essa menina mesmo. Ela tem usado uma pulseira de miçanga, moda nos Y2K (anos 2000) que está voltando agora. (Tô me sentindo xóven escrevendo assim, rs). Bom, ela, definitivamente, não viveu essa fase de pulseiras na época, mas está se sentindo nowstálgica.

Em 2022, depois de anos terríveis de pandemia e o mundo frito no 24/7, esse termo está em alta e traz as coisas mais antigas que vocês podem imaginar à moda de novo. Até mesmo as câmeras analógicas entraram na onda. Por que elas ficaram tão famosas entre os jovens, sendo que eles já têm celulares nas mãos? Seria um revival da lomografia do início dos anos 2000? Lembram da câmera russa? Pois é. De início, nas décadas de 70 e 80 essa câmera ficou bem popular por causa do preço baixo e uma lente diferentona (lê-se de qualidade duvidosa) que deixava as fotos iguaizinhas àqueles efeitos antigos do Instagram. Será a volta da imperfeição? Hoje em dia, muitos estão usando aplicativos para deixar as fotos cheias de ruído e filtros, exatamente como a lente da câmera russa as deixava. Devemos aguardar por essa volta inesperada?

Antes, podíamos sentir mais as coisas. Hoje em dia tudo é muito intangível, os DVDs foram substituídos por streamings, as cartas pelo WhatsApp e as câmeras fotográficas pelos próprios celulares. Sentimos falta do envolvimento e isso nos gera uma grande falta de pertencimento. Que vazio que isso dá, né? Afinal, temos a sensação de estar em todos os lugares, mas, ao mesmo tempo, não estar em nenhum.  Por conta disso, vamos em busca de memorabília, ou seja, procuramos memórias em objetos, por exemplo, os CDs. E até eles já foram substituídos pelo Spotify. Além disso, a volta da câmera analógica, como eu disse antes, é, com certeza, um ótimo exemplo disso. As pessoas se cansaram de tirar fotos pela mesma lente sem graça dos celulares e estão procurando mais envolvimento através das câmeras, da demora para olhar as fotos e ver o resultado final. Vai que assim nos sentimos mais envolvidos nesse mundo louco?  

Vivemos em pequenos universos do agora, cada um em sua bolha. Mas existe uma coisa que pode ultrapassar essas bolhinhas: as trends*, ou seja, tendências do momento, assuntos virais. Eu e você podemos ter gostos e opiniões totalmente diferentes, mas se tem alguma TT passando pelo mundo, pode ter certeza: independente das nossas diferenças, nós vamos estar por dentro. Isso é informação passiva, aquela que cai no nosso colo sem precisar buscá-la. 

E finalmente, a pergunta que não quer calar: como essas coisas voltaram tão fortes? Com o crescimento das redes sociais e o imediatismo, as pessoas tendem a relembrar as coisas boas do passado, sem voltar para lá. Querem se aproximar e entender como funcionavam as coisas, seja pelo conceito, pela estética ou, inclusive, por influência. Além de tudo, a mais pura modinha dos criadores de conteúdo e os vídeos no TikTok dizem muito sobre os influenciados. Se um influencer comenta ou usa algo antigo, é fato, vai virar tendência. 

Um ótimo exemplo da mais nova Nowstalgia é a volta triunfal da música Running Up that Hill, de Kate Bush. Hoje, em 2022, a música quase desconhecida dos anos 80 voltou às TT do momento por causa da série Stranger Things da Netflix. Esse seriado é de 2016, mas se passa na década de 80 com várias referências daquele tempo, desde as roupas até as músicas. Isso é ótimo para quem quer relembrar o passado e para os mais jovens sentirem vontade de viver isso. Caramba, tô velho. 

Enfim… O tempo voa e nós nem percebemos. 

Apesar dos pesares, toda essa nova tecnologia, que nos permite até mesmo voltar no passado, nos gera incrível acessibilidade, já que tudo chama mais atenção e a gente consegue acessar até mesmo o inacessível. Isso aí reflete demais na nossa área de publicidade. Percebemos esse novo movimento social e já partimos para o ataque: estratégias de mercado, publicações com várias hashtags, bilhões de visualizações em apps de conteúdo digital, como o TikTok, e por aí vai.

Enfim, a gente viaja, começa em A e termina em Z, mas conseguiram sentir um gostinho do passado aqui? Afinal, pelo visto os Y2K estão de volta. Ou seriam os Y2,022K?